“Depois que chegaram a Cafarnaum e se acomodaram numa casa, Jesus perguntou a seus discípulos: ‘Sobre o que vocês discutiam no caminho?’. Eles não responderam, pois tinham discutido sobre qual deles era o maior. Jesus se sentou, chamou os Doze e disse: ‘Quem quiser ser o primeiro, que se torne o último e seja servo de todos.’”
Marcos 9:33-35 (NVT)
Vocês já perceberam que, no Reino de Deus, parece que tudo está ao contrário? As coisas parecem ter uma ordem errada: aquele que quer ser o primeiro tem que ser o último; aquele que quer receber tem que dar; aquele que quer ser grande tem que servir. Tudo fora da lógica! Mas não é assim. Essa é a ordem correta. É a lógica do mundo que está ao contrário, e nós estamos aqui para estabelecer a ordem do Reino.
Meu amigo, liderança é ser servo. Não se trata de um título ou de uma posição, nem de uma oportunidade. A liderança traz consigo a responsabilidade de servir aos demais. Muitos querem ser líderes sem servir a ninguém porque a única coisa que lhes interessa é a posição, o reconhecimento e o título. Mas, se eu não sou servo, tampouco sou líder. E se você é servo, você já é um líder. Não precisa de um título.
Hoje, eu quero desafiar a nossa forma de pensar. Nós devemos dar ênfase em ter um coração de servo. Nós precisamos criar uma cultura em que se note que ninguém vale mais do que outro. Assim, o que fará a diferença não será o nosso reino, mas sim o Reino de Deus em nós.
Em 1 Samuel 9:3-8, há uma história que se relaciona com isso e que nos ensina sobre o que é ser um servo anônimo.
Certa vez, Saul, antes de ser ungido rei sobre Israel, teve que fazer uma tarefa que Quis, seu pai, o deixara responsável: buscar algumas jumentas que haviam escapado. Ele, então, leva um dos servos da casa para ajudá-lo a fazer essa tarefa. Mas surgem algumas complicações, pois eles não encontram as jumentas em lugar algum e Saul quer voltar a sua casa antes que seu pai fique preocupado. O servo, então, lhe apresenta uma solução que, finalmente, levará Saul a outro nível porque, na sequência, ele conhecerá a Samuel e será ungido rei.
Há certas coisas que podemos aprender sobre esse servo, a quem eu chamo de “servo anônimo”:
Um servo anônimo não precisa de um nome
Ele não precisa ser reconhecido. É incrível que Quis é mencionado por seu nome, e Saul também, mas não é o caso do servo. Ele é simplesmente um criado que foi servir Saul. E ele aceita essa condição; não o vemos se queixando, nem dizendo “mas Deus, por que meu nome não está na Bíblia? Saul foi mencionado, Quis foi mencionado, e também todas as regiões com nomes estranhos, mas eu não fui”. O que aprendemos com isso é que um servo anônimo não precisa ter um nome, não precisa ser reconhecido, não precisa que a luz esteja nele. Pois, apesar de não conhecermos o nome desse servo, sabemos bem o que ele fez. Minha pergunta é: você trabalha para ser conhecido ou é conhecido por seu trabalho?
Muitos querem ser conhecidos, querem ter seu nome em algo, estar em evidência e sob as luzes. Mas aqui, nós vemos um exemplo incrível de um ser anônimo, a quem não conhecemos por seu nome, mas por aquilo que fez.
Eu não quero ser conhecido pelas formas erradas. A ênfase não deve estar na posição ou no título que temos, mas sim, na oportunidade de servir a Deus e fazer a diferença. E quando essa é a ênfase, não importa o que fazemos, mas por quem fazemos. Se uma posição ou um título lhe fazem acreditar que você é alguém, logo não ter a posição ou o título lhe fará acreditar que você não é nada. O que faz de você alguém valioso? O título, a posição ou o que Cristo fez por você? Você está disposto a ser anônimo e que ninguém reconheça o seu trabalho? Não é mais importante que Deus veja seus esforços? Muitos vivem para a audiência de multidões. Eu quero viver para a audiência de um: Deus.
Um servo anônimo é parte da solução, e não do problema
“O servo, porém, disse: ‘Tenho uma ideia! Nesta cidade mora um homem de Deus. O povo daqui o respeita muito, pois tudo que ele diz acontece. Vamos procurá-lo. Talvez ele possa nos dizer para onde devemos ir.'”
1 Samuel 9:6 (NVT)
Essa deve ser nossa cultura. Ser parte da solução, alinhados com o positivo, e não com o negativo. Apesar de sermos imperfeitos, há muitas coisas que podemos melhorar. Às vezes, quando nós não entendemos algo, criticamos e nos tornamos parte do problema. Mas quando surge uma necessidade, nós precisamos exatamente do contrário: uma equipe que, no momento do problema, saiba pensar e propor soluções. Não critique aquilo que você não entende. Em primeiro lugar, pergunte. E quando você entender, será parte da solução. Se eu pergunto e me informo, eu também posso ter a resposta em minhas mãos. Eu também posso trazer a solução se entendo o porquê das coisas. O mesmo sangue que pagou o preço pelo talentoso também pagou o mesmo preço pela minha vida, e todos somos iguais diante de Deus. Não vamos pensar que ser parte da solução é apenas para pessoas privilegiadas ou perfeitas. Nós devemos ter a iniciativa – a iniciativa correta, que se encaixe com a visão da casa. Pois, quando há muitas visões, há “divisão” e, dessa forma, não poderemos alcançar o objetivo que Deus tem para nós.
O servo anônimo disse: “Eu tenho a solução. Eu sei o que fazer. Eu sei aonde ir. Eu sei como ajudar”. E foi ele quem levou Saul para a frente do homem que iria ungi-lo rei. Não sabemos quem ele é, mas foi por conta de sua ajuda que Saul foi apresentado ao seu líder, o profeta Samuel.
Um servo anônimo sempre está preparado
“O servo disse: ‘Tenho comigo uma pequena quantidade de prata. Pelo menos poderemos oferecer isso ao homem de Deus e ver o que acontece.'”
1 Samuel 9:8 (NVT)
Saul disse que não tinha nada para dar a Samuel e foi o mesmo servo quem proveu a peça de prata para o profeta. O servo foi preparado caso algo acontecesse. Eu não me preparo se tenho uma oportunidade. Oportunidades surgem para mim porque estou preparado. Se você sente que Deus está lhe chamando a pregar, minha pergunta é: Quantos sermões você escreveu? Você está esperando sua primeira oportunidade? Quando você vem à igreja, você vem preparado? Como você pode vir preparado? Com um sorriso no rosto, com um coração de serviço. Eu venho preparado quando decido colocar minhas frustrações e minha angústia de lado porque eu venho para servir a casa de Deus e às pessoas de Deus. Não vou deixar que minhas emoções governem minha atitude ou minha resposta diante do que é preciso fazer. Estou preparado para aquele que quer vir com suas frustrações e sua própria dor, para responder em amor e com graça.
Eu quero estar sempre preparado para entrar nas oportunidades que se apresentam a mim. Nós estaríamos preparados para dar um passo a mais em nosso caminho na igreja ou fora dela? Estaríamos preparados para fazê-lo com uma atitude correta?
Se queremos ser grandes, nós temos que ser servos anônimos. Isso não é sobre a atenção que recebemos, nem de uma placa iluminada e colorida com nosso nome. Isso não é sobre ter a posição desejada em uma plataforma. É sobre sermos servos. Ao fim do dia, nenhum homem traz a promoção, somente Deus.
Eu acredito que, como filhos de Deus, podemos entrar em novas oportunidades que jamais imaginamos. Em nossos locais de trabalho, nas universidades, nas escolas e nas ruas. Oportunidades de testemunhar de Deus de uma forma normal, que tragam as pessoas a Sua casa. E o resultado disso serão multidões que receberão a salvação porque Deus usou nossas vidas, porque somos pessoas anônimas, pessoas de solução, pessoas preparadas, que servem para que Deus tenha a glória. Porque isso não se trata de você e nem de mim. Isso sempre será sobre o Reino de Deus e sobre a Sua igreja.