Algum tempo depois, Absalão providenciou para si uma carruagem com cavalos e contratou cinquenta guardas para servirem como sua guarda de honra. Todas as manhãs, ele se levantava cedo e ia até o portão da cidade. Quando alguém trazia uma causa para ser julgada pelo rei, Absalão perguntava de que cidade a pessoa era, e ela lhe respondia a qual tribo de Israel pertencia. Então Absalão dizia: “Sua causa é justa e legítima. É pena que o rei não tenha ninguém para ouvi-la”. E dizia ainda: “Quem me dera ser juiz. Então todos me apresentariam suas questões legais, e eu lhes faria justiça!”. Quando alguém ia se prostrar diante dele, Absalão não o permitia. Ao contrário, tomava-o pela mão e o beijava. Fazia isso com todos que vinham ao rei pedir justiça e, desse modo, ia conquistando o coração de todos em Israel.
2 Samuel 15: 1-6 (NVT)
Esta história tem a ver com aparências. É sobre um homem que, segundo a Bíblia, foi o mais elogiado por sua beleza. Ele não era apenas atraente, mas carismático e as pessoas o amavam. Porém, o que ele fez ao se posicionar na entrada da cidade foi estratégico, não foi genuíno. Enquanto ele era admirável no exterior, ele deixava muito a desejar no interior, como homem, como filho e como amigo. Às vezes, o espírito de Absalão reina em nós. Temos que ter muito cuidado neste ambiente em que vivemos, liderado pelas redes sociais, com uma geração jovem que está sendo impactada e guiada por tantas coisas incorretas. É preciso entender que quando trabalhamos mais em nossa imagem do que em nosso coração, nos tornamos pessoas superficiais, sem substância.
Há cinco lições que vejo com a vida de Absalão que merecem ser consideradas:
Absalão parecia ser maior do que ele realmente era.
Isso flui de um coração inseguro. Essa passagem começa dizendo que Absalão conseguiu uma carruagem e uma escolta de cinquenta soldados. Mas ele não queria isso porque precisava, e sim para aparentar uma imagem de status e importância. Eram coisas que estavam disponíveis para ele por ser o filho do rei. Ele sabia muito bem que poderia pegar a carruagem, a escolta e os cavalos. O rei, porém, nunca lhe concedeu estas coisas, mas Absalão as exigiu para que as pessoas olhassem para ele do modo que ele queria ser visto.
Cuidadosamente, ele cultivou uma imagem emocionante e sedutora de si mesmo, aproveitando a sua posição e a herança que tinha como filho do rei. Ele tinha o espírito que dizia: “Eu tenho direito às coisas, não porque ganhei, mas por causa do meu sobrenome”. Trabalhamos mais em nossa imagem do que em nosso coração, nos tornamos pessoas totalmente superficiais e sem substância. Eu jamais vou viver projetando uma imagem falsa, alimentando meu ego com o louvor do povo. Eu não quero viver duas vidas diferentes. Era isso que Absalão estava fazendo: “Olhe para os meus carros, olhe para a minha escolta, veja quão importante eu sou”.
Qual essência está dentro de você? Existe substância ou somente uma imagem? Porque isso é sobre essência, e não sobre métodos, nem aparências. Não invista seu dinheiro, seu tempo e sua energia trabalhando no que é exterior; invista tudo isso em seu coração, porque quando o interior é bom, o de fora flui.
Absalão lutava por si mesmo, não pelo reino.
Ele era muito bom em mostrar que ele trabalhava. Levantar cedo já comunicava isso. Pela manhã, ele se posicionava nos portões da cidade. Mas suas intenções estavam totalmente equivocadas, porque ele fazia isso para atrair as pessoas a si, e não ao seu pai, o rei. Muito menos trabalhava para o povo, mas para o seu próprio plano; ele amava a contenda e a luta pelo o que era dele. No nível de liderança, a contenda nunca deve fazer parte de nossas vidas. Não devemos lutar constantemente pelo pessoal, mas pelo coletivo. Você é uma pessoa que luta para ser reconhecida? Ou você acredita no que a palavra diz – que o exaltar vem de Deus? Você confia em Deus para o seu futuro ou no esforço de suas mãos?
A contenda divide; é algo que não constrói vidas saudáveis. Devemos ter unidade em torno de uma visão, e não focar nas coisas que nos dividem, mas naquelas que nos unem, mesmo que sejamos de origens ou culturas diferentes. É suficiente o que você está fazendo hoje ou você quer o que é de outra pessoa? Porque muitos querem os sapatos de outra pessoa sem primeiro caminhar com eles por um tempo. A sociedade seria muito diferente se, como filhos de Deus, eliminássemos a competição de nossas vidas.
Absalão se posicionava para ser visto, e não para contribuir.
Tudo o que Absalão dizia ao povo era completamente incorreto, mentira e manipulação. Sua intenção era dividir e destruir o reino e a autoridade de seu pai. Ele sabia onde se posicionar para que as pessoas o vissem.
Você se posiciona para que o homem possa vê-lo ou para que Deus o veja? Você é o mesmo na frente de alguém que tem uma posição superior e a mesma pessoa na frente de alguém com uma posição inferior a sua? Nós nos posicionamos para que sejamos vistos, para que vejam nosso talento e nosso esforço, vejam aquilo que fazemos, mas não para contribuir. No entanto, Deus nos chamou justamente para contribuir.
Absalão buscava pessoas na mesma condição que ele.
Ele procurava pessoas que se queixassem com o rei, porque a única coisa que ele tinha em sua vida era queixa. Isto é o que aprendi nos meus anos de liderança: as pessoas feridas sempre procuram pessoas que estão feridas. As pessoas ofendidas sempre procuram pessoas ofendidas. As pessoas com opiniões sempre procuram pessoas com opiniões. Porque quando procuramos um ouvido que nutre a maneira como nos sentimos, tendemos a permanecer na mesma situação em vez de nos juntarmos com pessoas que nos desafiam e nos animam a nos levantar e seguir em frente, em direção ao que Deus tem para nós.
Pessoas com a intenção errada sempre usam a mesma linguagem: “todo mundo diz”, “todo mundo pensa”, “se eu fosse o pastor”, “se eu fosse o chefe”; essa é uma linguagem de vítima. O motivo pelo qual Absalão tinha empatia pelo povo era para usurpar a posição de seu pai. Se você está magoado, não fale com pessoas que estão magoadas, mas com pessoas que estão livres dessa mágoa, que irão desafiá-lo a sair dessa condição para que você possa entrar no que Deus tem para sua vida. Porque o que Deus preparou para você é grande demais para você ficar estacionado.
Absalão não respeitava a ordem divina.
A Bíblia nos ensina que as pessoas são colocadas por Deus na liderança. Absalão dizia: “Eu gostaria que eles me colocassem como juiz no país”. Mas ele não havia sido escolhido para aquele lugar. Com duzentas pessoas, ele fez com que seu pai fugisse da cidade por medo de perder a vida. Ele não respeitava a ordem divina, não aceitava o fato do profeta ter dito que ele não seria o rei, mas sim outro filho de Davi.
Se confiarmos que Deus põe e Deus tira, nós respeitaremos essa ordem, nos alinharemos e iremos construir juntos. Seu líder está lá porque Deus o colocou ali; nossos governantes também, seu professor na escola também. Comece a ver essas pessoas sabendo que Deus as colocou lá para ajudá-lo, inspirá-lo e educá-lo, e se você alinhar seu coração em vez de reclamar, talvez alcance um novo nível.
Absalão não acreditava, não aceitava e não respeitava a ordem de Deus. E quando não há respeito pela ordem divina na liderança, sempre queremos desafiá-la. O tratamento dos meus superiores em relação a mim não determina meu respeito por eles, porque acredito que Deus os colocou ali. Este é o reino e a Bíblia; isto é o que muda as nações, sacode sociedades e estabelece o reino de Deus, de tal forma que gerações são impactadas pela glória de Seu nome.
Vamos ser pessoas substanciais, não superficiais. Isso nos permitirá edificar uma igreja genuína, com autenticidade e atraente – não por fora, mas pelo que flui de dentro.